Dona Matilde

Manuel Ângelo Barros é a figura central dos vinhos Dona Matilde e apesar de estarmos a falar de uma marca duriense muito recente, que apenas efectuou a primeira colheita em 2007, a história destes vinhos começa a desenhar-se há muito tempo atrás. Mais precisamente há um século, quando em 1914 o seu avô Manoel Barros fundava a empresa Barros e Almeida, que mais tarde daria origem ao Grupo Barros, nome intimamente ligado à história do Vinho do Porto no século XX.

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É durante o processo de desenvolvimento desta empresa, enquanto procurava alargar a sua área de produção, que em 1927 a quinta Dona Matilde é adquirida por Manoel Barros e passa a fazer parte das propriedades do grupo. Nos anos setenta, já com um grande património na posse da empresa, do qual a Kopke também passou a fazer parte, Manoel Barros viria a falecer nos anos setenta e a gestão do Grupo Barros passou a ser assumida pelos seus descendentes, entre eles Manuel Ângelo Barros.

Quando em 2006 o Grupo Barros é absorvido pela Sogevinus e Manuel Ângelo Barros depara-se fora do Douro, que tinha sido o seu meio ambiente durante largas décadas, sentiu a necessidade de procurar uma propriedade onde pudesse continuar ligado ao sector e a fazer aquilo gosta e sempre fez. Foi assim, e por sugestão da sua esposa, que Manuel Barros volta a adquirir a Quinta Dona Matilde e a trazê-la para as mãos da sua família. Hoje, com a ajuda do seu filho Filipe Barros (director de marketing), produzem vinhos do Douro e do Porto na sua quinta junto ao Douro, localizada entre Peso da Régua e o Pinhão, nas proximidades da Barragem de Bagaúste.

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Dos seus 94 hectares, a Quinta Dona Matilde tem hoje 27 de vinhas, divindido-se por entre vinhas mais recentes com cerca de 20 anos até vinhas velhas que podem atingir os 80 anos. As castas dominantes são a Touriga Nacional, a Tinta Roriz e a Tinta Amarela. A filosofia dos seus proprietários, segundo os próprios, passa por produzir vinhos que exprimam o terroir da quinta através das castas tradicionais do Douro. Os lotes são feitos na vinha, através de uvas de várias parcelas e o objectivo é conseguir vinhos elegantes com pouca madeira e pouca extracção.

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Agora, com o lançamento das novas colheitas, trouxeram os seus vinhos a Lisboa, ao restaurante Cave 23, no lindíssimo e charmoso Torel Palace, para uma apresentação à imprensa. Além de Manuel Ângelo Barros e Filipe Barros, a dita contou também com a presença do enólogo João Piçarra, do responsável de viticultura José Carlos Oliveira e do responsável pelo mercado nacional José Bonzinho.

Passemos aos Vinhos:

Dona Matilde Branco 2015 – Um vinho que chega agora ao mercado, lançado mais cedo do que é habitual na casa, com lote de Arinto, Viosinho e Rabigato, sem passagem por madeira. No nariz destacam-se as notas frutadas, de fruta tropical, alguns citrinos, leve fundo vegetal, ainda num perfil jovem e efusivo. Acidez bem presente na boca, final fino, de boa persistência, com travo fresco e frutado (9€ / 16 pontos).

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Dona Matilde Branco 2014 – O mesmo lote do 2015 e o mesmo tipo de vinificação, mas num estilo bastante diferente, será do ano de evolução em garrafa? Mais contido no aroma, alguns citrinos, ligeiro amanteigado, num fundo com leves sugestões minerais. Mais seco na boca, com entrada fresca e final de bom comprimento (9€ / 16).

Dona Matilde Tinto 2011 – Um vinho que só agora chega ao mercado, dentro da estratégia comercial que a empresa definiu com o objectivo dos mesmos chegarem mais prontos às mãos do consumidor. Na opinião dos próprios estes são vinhos que necessitam de tempo para se exprimir e também por isso faz todo o sentido este estágio prolongado em garrafa. Lote de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Amarela com estágio de 12 meses em barrica. Intenso no nariz. Fruta preta madura no aroma, ameixas, leve floral, tudo envolvido num suave fundo balsâmico. Boa estrutura de boca, macio, com harmonia, num estilo redondo, apelativo e fácil de gostar (9€ / 16).

Dona Matilde Reserva Tinto 2011 – Metade do lote é Touriga Nacional, com 30% de Touriga Franca e o restante de vinhas velhas onde predomina a Tinta Amarela. Estagiou em barricas novas durante 18 meses. Intenso na cor. Vigor aromático, com muitas notas de fruta madura, algum chocolate, também algumas sugestões vegetais e florais, tudo adornado por um equilibrado fundo fumado. Na boca mostra-se bem, com boa presença, ainda algum tanino, tudo num perfil vivo, equilibrado e de bom comprimento final (20€ / 17).

Dona Matilde Porto Colheita 2008 – Vinhas Velhas. Sete anos de estágio em madeira, os primeiros três em tonéis de carvalho e os seguintes em barricas de 600 litros. Apenas 1000 garrafas produzidas. Indefinido na cor, algures entre o tawny e o rubi. Aroma de fruta preta madura, ameixas, figos, algum fruto seco e apontamentos vegetais. Bom volume de boca, encorpado, redondo, intenso e de final persistente (26€ / 16,5).

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Seguiu-se um almoço preparado pela jovem chef do restaurante Cave 23, Ana Moura, que com pratos saborosos e de apresentação elegante colocou à prova os vinhos mencionados. Destaque para o prato de leitão com puré de ruibarbo, foie gras ralado e molho de pimenta, que brilhou na companhia do Reserva tinto.

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