Nectari (Barcelona, Espanha)

Um sortido de aperitivos. Tudo bom, sem deslumbrar. O destaque vai para o Pa Am Tomàquet, que aqui é interpretado com um fina fatia de paínho que serve de cama para uma esferificação de água de tomate.
O Flan de Foie. O melhor momento da refeição, um prato com um sabor e uma textura impressionantes. Não hesitei em colocá-lo na minha lista dos melhores pratos de 2012.
O excelente Tokaj que acompanhou os amuses…
A entrada. Foie com redução de Sauternes. Delicadas raspas de foie, impregnadas pelo travo doce do vinho e acompanhadas por tostas. Muito bom. Até aqui seguíamos encantados.
Entrou em cena um Chardonnay do Penedès…
Voluté de Trompette de la Mort e Ovo com Clara Merengada. O prato da discórdia. Apagado, sem emoção, totalmente fora de contexto. O merengue não estava fofo, o que dificultou a missão de o conseguir comer com uma colher. Apesar da interessante técnica utilizada no ovo, foi o elo mais fraco.
Uma foto tão pobrezinha para o melhor vinho da refeição. Rita 2011. Um branco interessantíssimo, com 4 meses de barrica, feito de Garnacha Blanca e Macabeo pela família Domenech a partir das suas vinhas no Priorat. Encorpado, cheio, pesado mesmo, mas ao mesmo tempo uma acidez e mineralidade que o tornavam equilibrado. Foi o par perfeito para…
…o Tamboril com Romesco em cama de Cogumelos (Boletus?). O molho dava alma ao conjunto e foi o elemento preponderante para a combinação com o vinho. Muito bom.
O tinto era um Tempranillo da Ribera del Duero. Figuero 12 (não retive o ano), das Bodegas García Figuero…
…que acompanhou as Costoletas de Borrego com Batata Parmentier. Estava bom mas não é propriamente o prato que esperamos encontrar num menu degustação de uma estrela no Michelin em Barcelona. Ainda recentemente comemos umas tão boas no nosso tradicional Vallécula.
Trilogia de Queijos. Brie, Cantal e Comté. Excelentes.
De Jerez, o Sherry Lustau Solera Gran Reserva.
Tarte Tatin com Coulis de Frutos Silvestres e Nata Montada.
Jordi Esteve veio à mesa e acabou à conversa.
Um docinho para o final…
As fotos estão uma treta, é verdade. E em condições normais nunca veriam a luz do dia, mas não quis deixar de partilhar esta experiência convosco. Não que tivesse sido uma experiência memorável, que não foi, mas porque foi muito importante para avaliar o que representa 1 estrela Michelin numa das capitais da gastronomia mundial em comparação com as nossas, deste pacato cantinho à beira-mar plantado. Em poucas palavras, foi uma refeição de boa qualidade, com um nível consentâneo com o de uma estrela Michelin, mas nada que não tenhamos no nosso país… E sem estrela. É verdade, já tivemos refeições no Assinatura (por exemplo) deste nível, tanto ao que respeita à cozinha, como ao serviço, como aos vinhos. E para as nossas referências sabemos como é muito difícil ser atribuída uma estrela ao Assinatura conforme o conhecemos. Conclusão, para chegarmos às estrelas temos de ser melhores que os outros.
Esta visita aconteceu duas semanas depois do Nectari ter sido premiado com a sua primeira estrela Michelin, pelo que o espírito motivacional da equipa liderada pelo Chef Jordi Esteve estava em alta. Essa confiança sentia-se no ar, na forma como fomos recebidos e servidos durante toda a refeição.
Há cinco anos como Chefe Executivo neste Nectari, Jordi Esteve teve um percurso curioso onde trabalhou durante muito tempo com grandes figuras da gastronomia mundial. Primeiro no 3 estrelas Michelin L’Ambroisie de Paris, com o Chef Bernard Pacaud, depois no Le Pré Catelan, também em Paris, sob a batuta de Alain Ducasse e por último no El Girasol de Alicante, com o “nosso” Joachim Koerper. Foram notórias estas influências clássicas no menu degustação que nos foi servido. Outra paixão do Chef é a gastronomia japonesa, que o levou a Osaka para um estágio no restaurante Genji onde aprendeu mais sobre esta aliciante cozinha e o permitiu trazer para o seu restaurante um menu temático japonês.
Passemos, muito resumidamente ao menu. Que começou a um grande nível com aquele Flan de Foie, elevando ainda mais as expectativas, mas que a partir do pouco conseguido Voluté de Cogumelos entrou numa fase mais clássica e menos emocional, acabando por deixar um pequeno sabor a pouco. Contudo foi uma refeição de bom nível, com todos os pratos a mostrarem cuidado com o produto, em preparações tecnicamente perfeitas (retirando desta apreciação o já referido voluté) e saborosas. O serviço também foi muito bom, com a pequena equipa de sala (que também é pequena) a mostrar grande confiança e simpatia, numa actuação muito eficiente e discreta. Para terminar, o serviço de vinhos esteve ao nível da refeição. Tanto nos copos, como nas temperaturas. Optámos pelo menu de vinhos seleccionado para o menu, que não sendo de um nível extraordinário, esteve bem.

Nectari
Carrer de Valencia 28, Barcelona
Tel: 932 268 718
Preço médio sem vinhos, Carta 35€, Menu 65€.

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