Quinta da Lapa

...O novo vinho da Quinta da Lapa em Homenagem a Santa Teresa de Ávila. Dom Lourenço de Almeida, o antigo proprietário da quinta, tinha grande apreço por esta freira que foi canonizada (também conhecida por Doutora da Igreja) no início do século XVII e fez questão de colocar uma pedra com um seu poema por cima da porta da casa principal da propriedade. Sílvia Canas da Costa também admira a obra desta freira carmelita e no ano que se celebra os 500 anos do seu nascimento achou que seria o momento ideal para lançar um vinho topo de gama em sua homenagem.

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A Quinta da Lapa está localizada junto a Manique do Intendente, a freguesia do concelho da Azambuja que ficou conhecida por ter sido doada a Pina Manique e este ter deixado inacabado o palácio que ainda hoje é a atracção principal desta vila da Estremadura.

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Esta propriedade do século XVIII, na altura conhecida por Quinta de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, foi pertença de D. Lourenço de Almeida, filho do Conde de Avintes, e tem registos históricos de produção de vinho que datam de 1744.

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Sílvia Canas da Costa, a actual proprietária da Quinta da Lapa.

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Riqueza histórica não falta a esta quinta mas para hoje interessa-nos puxar o filme à frente, até ao final dos anos 80, quando foi adquirida pela família de Sílvia Canas da Costa, a nossa anfitriã nesta visita. Desde aí que a produção de vinho passou a ser a sua principal actividade. Reestruturaram-se as vinhas e todo o património edificado e criou-se o enoturismo, com 11 suites impecavelmente recuperadas e apetrechadas com todo o conforto que a vida moderna exige.

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Dos 80 hectares que perfazem a área total da Quinta da Lapa, 48 são de vinha, toda ela plantada de novo aquando da profunda reabilitação da propriedade. Arinto, Trincadeira das Pratas, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot e Aragonez, são as castas dominantes e aquelas que compõem os principais vinhos da quinta. A proximidade à Serra de Montejunto acaba por definir as condições climatéricas do lugar dando assim origem a um terroir muito próprio. Apesar de ainda estarmos no distrito de Lisboa os vinhos da Quinta da Lapa estão integrados na Região Demarcada do Tejo.

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A antiga adega também foi recuperada e dotada da tecnologia necessária para fazer vinhos de grande qualidade. A enologia desde 2008 que é da responsabilidade do enólogo Jaime Quendera.

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O enoturismo é uma aposta evidente na Quinta da Lapa. Sílvia, arquitecta de formação, levou a cabo uma obra de recuperação e modernização da propriedade,  criando uma pequena unidade hoteleira com 11 suites amplas, onde cada uma é baptizada com o nome de uma casta. A tranquilidade bucólica de um espaço rural é aqui bem combinado com as comodidades dos tempos modernos.

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A capela da Quinta da Lapa faz parte da Diocese de Lisboa e ainda celebra missas pontualmente.
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Sílvia Canas da Costa e os seus vinhos.

Depois passámos à cozinha da propriedade, onde fomos provar os vinhos e conhecer a principal razão da nossa vinda…

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…O novo vinho da Quinta da Lapa em Homenagem a Santa Teresa de Ávila. Dom Lourenço de Almeida tinha grande apreço por esta freira que foi canonizada (também conhecida por Doutora da Igreja) no início do século XVII e fez questão de colocar uma pedra com um seu poema por cima da porta da casa principal da propriedade. Sílvia Canas da Costa, também admiradora da obra desta freira carmelita, achou que na altura que se celebram os 500 anos do seu nascimento era o momento ideal para lançar um vinho topo de gama em sua homenagem.

Assim nasceu o Quinta da Lapa Homenagem a Santa Teresa D’Ávila Reserva 2013, produzido a partir das melhores uvas da propriedade das castas Syrah, Touriga Nacional, Merlot e Cabernet Sauvignon. Um vinho concentrado de aromas e rico de sabor, de perfil maduro, com as notas de barrica ainda a marcarem a prova. Tem taninos presentes e boa acidez, o que deixa antever uma boa longevidade. Foram produzidas menos de 5000 garrafas e o rótulo ilustra a pedra com o poema de Santa Teresa que podemos encontrar na casa principal da quinta.

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O momento serviu também para conhecer a restante gama dos vinhos da Quinta da Lapa. Primeiro o Lapa Espumante Extra Bruto 2012 (100% Arinto, com 20 meses de estágio, 12€) e o Quinta da Lapa Reserva Branco 2014 (Arinto e 20% de Trincadeira das Pratas, com 4 meses de estágio em barrica). Depois os tintos, primeiro com o Nana Reserva 2011 (lote de Syrah, Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional, com estágio em barrica, 7€), com a foto da mãe de Sílvia no rotulo, é um vinho onde se procurou ter uma referencia de qualidade mas a um preço mais acessível. Depois uma viagem aos monocastas da quinta, Merlot, Syrah, Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional (todos da colheita de 2012, com cerca de 12 meses de estágio em barrica e pvp de 9€), onde se pretende mostrar o comportamento das diversas castas nas condições climatéricas da Quinta da Lapa e, por último, o Reserva Tinto de 2011 (lote de Touriga Nacional, Aragonez, Cabernet Sauvignon e Syrah, com estágio em barrica e pvp de 14€).

Fresco e seco o espumante e airoso mas ainda contido o branco. Maduros na fruta de boa qualidade os tintos, intensos, com alguma extracção, profundos, austeros alguns, com as notas de barrica e de chocolate a serem quase transversais a todas as referencias. Gostei particularmente do Cabernet Sauvignon, num perfil maduro, com notas vegetais e terrosas muito saborosas e bem integradas nos fumados da barrica. Uma roupagem diferente mas interessante da casta.

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Adolfo Henrique, o produtor de queijo de cabra da Maçussa que é um caloroso defensor das tradições e autenticidade da gastronomia da sua região. Provei este queijo pela primeira vez há muitos anos num restaurante regional na Azambuja chamado Redes ao Mar e foi uma descoberta que ficou para sempre na minha memória. Tive agora o prazer de o conhecer pessoalmente e, ainda para mais, comer uma refeição preparada por si.

A visita terminou à mesa com uma surpresa. Adolfo Henrique, o Sr. do queijo de cabra da Maçussa era o cozinheiro de serviço e preparou uma refeição cheia de tradição a partir de produtos de grande qualidade para harmonizar com os vinhos da Quinta da Lapa. Antes disso, durante a prova de vinhos, já nos tinha mimado com o pão quente da Maçussa acabado de sair do forno.

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Fígado de Bacalhau fumado com tomate cherry seco.
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O famoso queijo de cabra da Maçussa.
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Queijo de cabra frito com arrobo. O arrobo é um doce tradicional, exclusivo da região do Ribatejo, preparado com mosto de vinho fervido e onde se adiciona fruta, no caso melão e alperce. Acompanhou com umas folhinhas de rúcula.
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Cabrito com miúdos e boletos. O arroz é finalizado com um golpe de vinagre, como manda a tradição.
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Figos pingo-de-mel em calda com (o melhor) bolo de chocolate do Ribatejo.

Foi a forma perfeita de terminar esta visita à Quinta da Lapa, um lugar que conjuga a história de 300 anos com a contemporaneidade do século XXI. Sempre com o vinho como fio condutor.

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