As Azevias de Grão e o Licoroso do Mouchão

Farinha, Margarina líquida, Sal, Água quente…

Podem ir com a varinha, eu gosto assim…

Gemas…

Amêndoa ralada e laminada… 

Canela…

Raspa de casca de limão…

Açucar, àgua…

Ponto de pérola…

Tudo para o tacho. Mexer bem, sem ficar muito homogéneo, os pequenos grumos do grão vão-lhe dar um toque rústico que se pretende…

Foodporn

O Natal é quando um homem quiser, não é? Então vamos lá a isto…
Agora que já passaram as habituais preocupações calóricas dos inícios de ano e num momento em que as habituais juras de regresso aos ginásios já caíram por água abaixo, penso que estão reunidas as condições para voltarmos a algo caloricamente pornográfico.
Com a ausência dos Coscurões da Avó Maria, este tornou-se definitivamente o doce mais emblemático do meu Natal. Sendo Alfacinha, sem terra portanto, não há em minha casa a pesada tradição das ceias regionais, que poderão geograficamente mudar as suas nuances e pratos principais. Talvez isso justifique a forma como as azevias de grão entraram pelo meu Natal adentro, pois que eu saiba, apesar de se tratar de uma iguaria festiva, não tem uma tradição histórica, ao contrário das rabanadas, sonhos, etc…
Uma coisa é certa, dêem-me azevias de grão e caras de bacalhau e podem ficar com o resto do Natal. 
Para acompanhar a habitual parafernália de doces festivos da quadra, habitualmente são escolhidos vinhos fortificados, muitas vezes perdidos pelos armários lá de casa, com os Porto à cabeça. No entanto, há mais vida para além dessas habituais escolhas e este ultimo natal o melhor companheiro das ditas azevias foi um licoroso diferente. O Mouchão Licoroso 2007, é produzido como facilmente se entende pelo nome, pela alentejana Herdade do Mouchão, a partir de uvas da casta Alicante Bouschet e bem sabemos o peso que esta tem quando se trata de Mouchão. Pois este licoroso mostrou-se com doçura, acidez e, acima de tudo, estrutura e complexidade para namorar com o nosso doce de forma tão apaixonada. Nem o sabor marcante da canela, qual tentação do demónio, conseguiu abalar aquela relação tão bonita. 
E pronto, fica a sugestão. Estando o Natal ainda tão longe, sugiro que aproveitem a Páscoa que se aproxima para revolucionarem as tradições lá de casa com um pairing tão improvável, quanto delicioso. 
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