Zarate Albarino 2016

Conhecido por muitos como o Mago do Albarino, Eulogio Pomares tem nas Rias Baixas, mais propriamente em Meaño (Pontevedra), no Vale do Salnes, um autêntico tesouro.
Diz-se que estamos no berço do Albarino e é aqui que as vinhas muito velhas, algumas em pé franco, outras com mais de cem anos, contam a história da Zarate, uma casa centenária das Rias Baixas que produz vinho desde o século XVIII.
Apesar de tanta história e património, Zarate era uma pequena adega familiar, que produzia essencialmente para consumo próprio ou local. Com a chegada do novo século, Eulogio Pomares assumiu os destinos desta casa secular e revolucionou a sua produção, conferindo a estes vinhos uma dimensão e estatuto muito além das fronteiras das Rias Baixas.
Durante umas férias pela região, não resisti a lá ir bater à porta…
Cheguei sem avisar e em plena azáfama das vindimas. Depois de alguns dias meio chuvosos, o tempo tinha dado tréguas e era altura de aproveitar para vindimar o máximo possível. Era natural que perante este cenário, a última coisa que quisessem ouvir falar era de visitantes de ocasião, ainda assim, Eulogio Pomares e a sua esposa, Rebeca Montero, não negaram um sorriso simpático e um passeio rápido pela propriedade, com direito a visita às famosas vinhas que originam os tão elogiados single vineyard, El Palomar, Balado ou Tras da Vina.
Eulogio Pomares é um adepto da agricultura biológica e acredita que as muitas ervas que polulam as suas vinhas são benéficas, não só para criarem competitividade com as videiras como também para equilibrar todo o ecossistema da proriedade. As intervenções, seja na vinha ou na adega minimalista, são apenas as indispensáveis, com o objectivo dos vinhos expressarem ao máximo aquele terroir privilegiado para a produção de Albarino.
Na loja, agora já só com a presença de Rebeca, fiquei a conhecer o portefóio que vai além do Albarino. Seja nos tintos de Espadeiro ou da renascida casta autóctone Caino Tinto, seja na recuperação da tradição dos Orujos da Galiza, estes de Albarino, seja ainda nas edições especiais em parceria com outros enólogos (Álvaro Castro, Susana Esteban, etc… algumas já através do projecto Fento Wines).
Por entre despedidas, ainda houve tempo para falarmos de Portugal, lugar que gostam muito e que visitam frequentemente, seja em trabalho ou lazer. E como este mundo é uma ervilha, até descobrimos que temos amigos do vinho em comum.
O motivo que me fez recuperar esta visita e escrever esta publicação foi o “entrada de gama” do produtor que voltei a beber recentemente. O Zarate “normal” é um vinho que nos abre na perfeição a porta do maravilhoso mundo dos Albarinos de Eulogio Pomares. Marcado pelos citrinos e por uma mineralidade insinuante, é um vinho puro e sedutor, leve mas profundo, com uma acidez maravilhosa que nos deixa a salivar de prazer. É distribuido em Portugal pela Oficina dos Sabores e pode ser encontrado, por exemplo, na Garrafeira Fora da Caixa em Campo de Ourique. Custa pouco mais de dez euros e arrisco-me a dizer que estamos perante uma das melhores relações qualidade preço do mercado.  

“Porque é que os portugueses não querem saber dos vinhos brancos melhores que os nossos?” Perguntava o Miguel Esteves Cardoso aqui há uns meses numa das suas crónicas no Fugas. É uma pergunta pertinente, afinal de contas temos os melhores vinhos do mundo, para quê alargar horizontes…

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